Soneto de Agosto

Tu me levaste, eu fui... Na treva, ousados Amamos, vagamente surpreendidos Pelo ardor com que estávamos unidos Nós que andávamos sempre separados. Espantei-me, confesso-te, dos brados Com que enchi teus patéticos ouvidos E achei rude o calor dos teus gemidos Eu que sempre os julgara desolados. Só assim arrancara a linha inútil Da tua eterna túnica inconsútil... E para a glória do teu ser mais franco Quisera que te vissem como eu via Depois, à luz da lâmpada macia O púbis negro sobre o corpo branco. Vinicius de Moraes

Reflexão


Abelardo Rodrigues

O poema reflete
principalmente no escuro
E quando reflete, insone,
apetrecha o movimento
da luz.
Não a luz que nasce
a cada dia
em qualquer poente.
Não a luz feita
sob o canhão e o crucifixo
Não a luz dos seis dias…
mas aquela
de Totens
de Olorum.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Soneto VII - Gregório de Matos

Me Gritaron Negra