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Mostrando postagens de setembro, 2017

Soneto de Agosto

Tu me levaste, eu fui... Na treva, ousados Amamos, vagamente surpreendidos Pelo ardor com que estávamos unidos Nós que andávamos sempre separados. Espantei-me, confesso-te, dos brados Com que enchi teus patéticos ouvidos E achei rude o calor dos teus gemidos Eu que sempre os julgara desolados. Só assim arrancara a linha inútil Da tua eterna túnica inconsútil... E para a glória do teu ser mais franco Quisera que te vissem como eu via Depois, à luz da lâmpada macia O púbis negro sobre o corpo branco. Vinicius de Moraes

Ao dia sete de setembro

Mancebos, que sois a esperança Do majestoso Brasil; Mancebos, que inda tão tenros Sabeis de louro gentil Adornar o pátrio dia, Nosso dia senhoril! Eis que assomou sobre os montes Além, sobre a antiga serra, Entre mil nuvens de rosa, O dia de nossa terra; Aquele que para a Pátria Milhões de glórias encerra. Foi hoje que o Lusitano, Que o filho de além do mar, Despertou com forte brado A Pátria que era a sonhar, Que nem sequer escutava A liberdade a expirar. E o brado: — "Livres ou mortos" Lá nos bosques retumbou; E mais contente o Ipiranga As suas águas rolou; E o eco d'alta montanha Todo o Brasil ecoou. E as montanhas lá do Sul, E as montanhas lá do Norte, Repetiram em seus cumes: Sempre ser livres ou morte... E lá na luta renhida Cada qual luta mais forte. Sim, nos combates que, ousados, Travaram cem contra mil, O mancebo que nascera Sob este azul céu de anil, Forte como um Bonaparte, Batia o forte fuzil. E cada qual no combate